Os manuscritos do Mar Morto

Descoberto por dois jovens beduínos em 1947, os manuscritos do Mar Morto contêm as cópias mais antigas da Bíblia Hebraica, que equivale ao Antigo Testamento da Bíblia Cristã.
Os manuscritos do Mar Morto, também conhecidos como manuscritos de Qhmran, levam esse nome por terem sido encontrados em cavernas na região de Khirbet Qumran, próximo à costa noroeste do Mar Morto, no deserto da Judeia.
A descoberta dos manuscritos é uma história fascinante que começou de maneira inesperada.

Muhammed ed-Dib (à esquerda) e Jum’a ed-Dib (à direita), descobriram os primeiros pergaminhos do Mar Morto. (Foto C Treve)

Um encontro sem querer

“Encontrei um pote de ouro!” – Essa foi a reação de um jovem beduíno ao chamar seu irmão para entrar na caverna onde havia jogado pedras e ouvido o som de algo se quebrando, para saber se suas cabras estavam perdidas por ali.
 Ao entrarem na caverna observaram que ali havia vasos de cerâmica, mas dentro desses vasos não havia ouro, apenas velhos pergaminhos, que ao retirarem da caverna, levaram para a cidade, e venderam por um valor aproximado de 30 libras esterlinas, o que equivalia na época a uma semana de refeição para uma família de quatro pessoas.

Athanasius Samuel foi uma das primeiras pessoas a investigar os Manuscritos do Mar Morto após comprá-los. Ele reconheceu a importância dos pergaminhos e os levou para o mosteiro ortodoxo sírio São Marcos em Jerusalém, onde começaram os primeiros estudos e pesquisas. Foto de tirada por Moses Shapira.

A corrida

Quando os compradores constataram o conteúdo da descoberta, desencadeou-se uma série de eventos que mobilizaram a comunidade arqueológica para preservar os pergaminhos, e mantê-los longe do alcance de saqueadores da antiguidade. Por se tratar de documentos antigos, um manuseio muito delicado precisou ser feito para conservar o material encontrado.
No total, foram encontradas 12 cavernas contendo mais de 40 mil fragmentos e 900 pergaminhos. O conteúdo dos manuscritos continha os textos bíblicos incluindo livros apócrifos, literatura apocalíptica e regras comunitárias, todo o material foi escrito em três línguas: hebraico, aramaico e grego.

Mapa contendo o deserto da Judeia a esquerda, o Mar morto em azul a direita, no mapa consta a localização de Qhmran e um sub-mapa ampliado com a local das 12 cavernas onde foram encontrado os manuscritos.

Carbono-14

O último livro do Antigo Testamento foi escrito no ano 400 a.C. e sua versão original se perdeu ao longo do tempo devido a guerras regionais, destruição de patrimônios e perseguição ao povo judeu.
Até a descoberta dos manuscritos do Mar Morto, a cópia completa mais antiga que tinha conhecimento do antigo testamento, era o Codex de Leningrado, que data do ano 1008 d.C. O mais antigo dos manuscritos do Mar Morto, submetido ao método científico de análise do tempo, carbono-14, data de aproximadamente 270 a.C. Esses métodos de datação ajudaram a preencher deficiências significativas na cronologia dos textos bíblicos.

A Lacuna

Existia uma lacuna com cerca de 1500 anos de diferença entre o último livro do Velho Testamento, que se perdeu, e o Codex de Leningrado, a versão mais antiga dos textos bíblicos hebraico. Com a descoberta dos manuscritos do mar morto essa diferença diminuiu para cerca de 400 anos de diferença entre um e outro.

Um dos maiores achados arqueológicos da humanidade

A descoberta dos manuscritos do Mar Morto não só lançou luz sobre a história bíblica, mas também confirmou a precisão dos textos sagrados. Segundo o professor de línguas semitas no Trinity College, Dr. Gleason L. Archer “Os textos de Qumran provaram ser palavra por palavra 95% idênticos ao texto hebraico padrão que seguimos hoje. Os 5% de variações consistem primariamente de escorregadelas óbvias da pena do copista ou de alterações de letras.”
 A descoberta dos manuscritos do Mar Morto, é uma prova científica de que a Bíblia não teve pontos alterados, ou seu conteúdo adulterado, mas tem se preservado de maneira integral ao longo dos milênios. Assim, os Manuscritos do Mar Morto continuam a ser uma fonte inestimável para estudiosos e fieis em todo o mundo.

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